Aula 06 (60-67) – Jesus Cristo é o fim último da devoção à Santíssima Virgem

Nesta aula de nosso curso veremos a primeira verdade fundamental da devoção a Nossa Senhora: Nosso Senhor Jesus Cristo é o fim último de todas as devoções. Ademais, conheceremos como Nossa Senhora é um meio fácil e seguro de nos encontrarmos com Ele.

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Meditações e orações do dia

Vem, ó Espírito Criador, Ave, Estrela do mar

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Vem, ó Espírito Criador,
As almas dos teus visita;
Os corações que criaste,
Enche de graça infinita.

Tu, Paráclito és chamado,
Dom do Pai celestial,
Fogo, caridade, fonte
Viva e unção espiritual.

Tu dás septiforme graça;
Dedo és da destra paterna;
Do Pai, solene promessa,
Dás força da voz suprema.

Acende a luz para os sentidos,
Teu amor no peito acende,
Do nosso corpo a fraqueza
Com tua força defende.
De nós afasta o inimigo.

Dá-nos a paz sem demora,
Guia-nos, e evitaremos
Tudo quanto se deplora.

Dá que Deus Pai e seu Filho
Por ti nós bem conheçamos,
E em ti, Espírito de ambos
Em todo tempo creiamos.

A Deus Pai se dê a glória
E ao Filho ressuscitado,
Paráclito e a ti também
Com louvor perpetuado.
Amém

V. Enviai o vosso espírito, e tudo será criado.

R. E renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações
dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo,
concedei-nos que no mesmo Espírito conheçamos o que é reto,
e gozemos sempre as suas
consolações. Por Cristo Nosso Senhor.
Amém.

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Ave do mar Estrela,
De Deus Mãe bela,
Sempre Virgem, da morada
Celeste feliz entrada.

Ó tu que ouviste da boca
Do anjo a saudação;
Dá-nos paz e quietação;
E o nome de Eva troca.

As prisões aos réus desata.
E a nós cegos alumia;
De tudo que nos maltrata
Nos livra, o bem nos granjeia.

Ostenta que és Mãe, fazendo
Que os rogos do povo seu
Ouça aquele que, nascendo
Por nós, quis ser Filho teu.

Ó Virgem especiosa,
Toda cheia de ternura,
Extintos nossos pecados,
Dá-nos pureza e brandura.

Dá-nos uma vida pura,
Põe-nos em via segura,
Para que a Jesus gozemos,
E sempre nos alegremos.

A Deus Pai veneremos,
A Jesus Cristo também,
E ao Espírito Santo, demos
Aos três um louvor.

Amém

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Capítulo II

Verdades fundamentais da devoção à Santíssima Virgem

60. Até aqui dissemos alguma coisa sobre a necessidade que temos da devoção à Santíssima Virgem. Com o auxílio de Deus direi agora em que consiste esta devoção, expondo, porém, antes, algumas verdades fundamentais, que esclarecerão esta grande e sólida devoção que quero manifestar.

Artigo I

Jesus Cristo é o fim último da devoção à Santíssima Virgem

61. Primeira verdade. – Jesus Cristo, nosso salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, deve ser o fim último de todas as nossas devoções; de outro modo, elas serão falsas e enganosas. Jesus Cristo é o alfa e omega23, o princípio e o fim de todas as coisas. Nós só trabalhamos, como diz o apóstolo, para tornar todo homem perfeito em Jesus Cristo, pois é em Jesus Cristo que habita toda a plenitude da Divindade e todas as outras plenitudes de graças, de virtudes, de perfeições; porque nele somente fomos abençoados de toda a bênção espiritual; porque é nosso único mestre que deve ensinar-nos, nosso único Senhor de quem devemos depender, nosso único chefe ao qual devemos estar unidos, nosso único modelo, com o qual devemos conformar-nos, nosso único médico que nos há de curar, nosso único pastor que nos há de alimentar, nosso único caminho que devemos trilhar, nossa única verdade que devemos crer, nossa única vida que nos há de vivificar, e nosso tudo em todas as coisas, que deve bastar-nos. Abaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos. Deus não nos deu outro fundamento para nossa salvação, nossa perfeição e nossa glória, senão Jesus Cristo. Todo edifício cuja base não assentar sobre esta pedra firme, estará construído sobre areia movediça, e ruirá fatalmente, mais cedo ou mais tarde. Todo fiel que não está unido a ele, como um galho ao tronco da videira, cairá e secará, e será por fim atirado ao fogo. Fora dele tudo é ilusão, mentira, iniqüidade, inutilidade, morte e danação. Se estamos, porém, em Jesus Cristo e Jesus Cristo em nós, não temos danação a temer; nem os anjos do céu, nem os homens da terra, nem criatura alguma nos pode embaraçar, pois não pode separar-nos da caridade de Deus que está em Jesus Cristo. Por Jesus Cristo, com Jesus Cristo, em Jesus Cristo, podemos tudo: render toda a honra e glória ao Pai, em unidade do Espírito Santo e tornar-nos perfeitos e ser para nosso próximo um bom odor de vida eterna.

62. Se estabelecermos, portanto, a sólida devoção à Santíssima Virgem, teremos contribuído para estabelecer com mais perfeição a devoção a Jesus Cristo, teremos proporcionado um meio fácil e seguro de achar Jesus Cristo. Se a devoção à Santíssima Virgem nos afastasse de Jesus Cristo, seria preciso rejeitá-la como uma ilusão do demônio. Mas é tão o contrário, que, como já fiz ver e farei ver, ainda, nas páginas seguintes, esta devoção só nos é necessária para encontrar Jesus Cristo, amá-lo ternamente e fielmente servi-lo. * * *

63. Volto-me, aqui, um momento, pra vós, ó Jesus, a fim de queixar-me amorosamente à vossa divina majestade, de que a maior parte dos cristãos, mesmo os mais instruídos desconhecem a ligação imprescindível que existe entre vós e vossa Mãe Santíssima. Vós, Senhor, estais sempre com Maria, e Maria sempre convosco, nem pode estar sem vós; doutro modo, ela deixaria de ser o que é; e de tal maneira está ela transformada em vós pela graça, que já não vive, já não existe; sois vós, meu Jesus, que viveis e reinais nela, mais perfeitamente que em todos os anjos e bem-aventurados. Ah! Se conhecêssemos a glória e o amor que recebeis nesta admirável criatura, bem diferentes seriam os nossos sentimentos a respeito de vós e dela. Maria está tão intimamente unida a vós que mais fácil seria separar do sol a luz, e do fogo o calor; digo mais: com mais facilidade se separariam de vós os anjos e os santos que a divina Mãe, pois que ela vos ama com amais ardor e vos glorifica com mais perfeição que todas as vossas outras criatura juntas.

64. Depois disto, meu amável Mestre, não é triste e lamentável ver a ignorância e as trevas em que jazem todos os homens na terra, a respeito de vossa Mãe Santíssima? Não falo dos idólatras e pagãos, que, não vos conhecendo, também não se importam de conhecê-la; nem falo dos hereges e cismáticos, que não têm a peito ser devotos de vossa Mãe Santíssima, a não ser de um modo especulativo, seco, estéril e indiferente. Estes senhores raras vezes falam de Maria e da devoção que se lhe deve ter, porque, dizem, receiam que se abuse dessa devoção e que se vos ofenda, honrando excessivamente vossa Mãe Santíssima. Se vêem ou ouvem algum devoto da Santíssima Virgem falar muitas vezes, de um modo terno, forte e persuasivo, da devoção a esta boa Mãe, como de um meio seguro e sem ilusão, dum caminho curto e sem perigo, duma via imaculada e sem imperfeição, e dum segredo maravilhoso para chegar a vós e vos amar perfeitamente, clamam contra ele, e lhe apresentam mil razões falsas, para provar-lhes que não é necessário falar tanto a respeito da Santíssima Virgem, que há muito abuso nessa devoção, que é preciso empenhar-se em destruir, e aplicar-se em falar sobre vós em vez de favorecer a devoção à Virgem Maria, a quem o povo já ama suficientemente.
Às vezes metem-se a falar da devoção à vossa Mãe Santíssima, não, porém, para assentá-la e propagá-la, e sim para destruir os abusos que dela se fazem. Estes senhores são, no entanto, desprovidos de piedade, e não têm por vós sincera devoção, pois que não a têm a Maria. Consideram o rosário, o escapulário, o terço, como devoções de mulheres, próprias de ignorantes, sem as quais se pode obter muito bem a salvação. E se lhes cai nas mãos algum devoto da Virgem Santíssima, que recita o seu terço ou pratica qualquer outra devoção Mariana, mudam-lhe em pouco tempo o espírito e o coração: em lugar do terço lhe aconselham recitar os sete salmos; em vez da devoção à Santíssima Virgem aconselham a devoção a Jesus Cristo.
Ó meu amável Jesus, terá essa gente o vosso espírito? Será possível que vos agradem, agindo desse modo? Poderá alguém agradar-vos sem fazer todos os esforços para agradar a Maria, por medo de vos desagradar? A devoção à vossa Mãe impede a vossa? Atribuir-se-á ela as honras que lhe damos? Formará ela um partido diverso do vosso? É ela, acaso, uma estrangeira sem a menor ligação convosco? É desagradar-vos querer agradecer-lhe? Separamo-nos, talvez, ou nos afastamos de vosso amor, se nos damos a ela e a amamos?

65. Entretanto, meu amável Mestre, a maior parte dos sábios, em castigo de seu orgulho, não se afastariam mais da devoção à Santíssima Virgem, nem a olhariam com mais indiferença, se tudo o que acabo de dizer fosse verdade. Guardai-me, Senhor, guardai-me de seus sentimento e de suas práticas, e dai-me uma parte dos sentimentos de reconhecimento, de estima, de respeito e de amor, que tendes para com vossa Mãe Santíssima, a fim de que eu vos ame e glorifique na medida em que vos imitar e mais de perto vos seguir.

66. Concedei-me a graça de louvar dignamente vossa Mãe Santíssima, como se nada fosse o que, até aqui, disse em sua honra. “Fac me digne tuam Matrem collaudare”, a despeito de todos os seus inimigos, que são os vossos, e que eu lhes repita com os santos: “Nom praesumat aliquis Deum se habere propitium qui bem edictam Matrem offensam habuerit. – Não presuma receber a graça de Deus, quem ofende sua Mãe Santíssima”.

67. E, para alcançar de vossa misericórdia uma verdadeira devoção a vossa Mãe Santíssima, e inspirá-la a toda a terra, fazei que eu vos ame ardentemente, e recebei para este fim a súplica ardente que vos dirijo com Santo Agostinho23 e vossos verdadeiros amigos:

23) Meditationum lib. I, cap. XVIIIm n. 2 (inter opera S. Agostini).

No sentido de satisfazer aos desejos dos fiéis que não compreendem o latim, damos aqui uma tradução desta oração.

+ “Vós sois, ó Jesus, o Cristo, meu Pai santo, meu Deus misericordioso, meu Rei infinitamente grande; sois meu bom pastor, meu único mestre, meu auxílio cheio de bondade, meu pão vivo, meu sacerdote eterno, meu guia para a pátria, minha verdadeira luz, minha santa doçura, meu reto caminho, sapiência minha preclara, minha pura simplicidade, minha paz e concórdia; sois, enfim, toda a minha salvaguarda, minha herança preciosa, minha eterna salvação...
Ó Jesus Cristo, amável Senhor, por que, em toda a minha vida, amei, por que desejei outra coisa senão vós? Onde estava eu quando não pensava em vós? Ah! que, pelo menos, a partir deste momento meu coração só deseje a vós e por vós se abrase, Senhor Jesus! Desejos de minha alma, correi, que já bastante tardastes; apressai-vos para o fim a que aspirais; procurai em verdade aquele procurais. Ó Jesus anátema seja quem não vos ama. Aquele que não vos ama seja repleto de amarguras. Ó doce Jesus, sede o amor, as delícias, a admiração de todo coração dignamente consagrado à vossa glória. Deus de meu coração e minha partilha, Jesus Cristo, que em vós meu coração desfaleça, e sede vós mesmo a minha vida. Acenda-se em minha alma a brasa ardente de vosso amor e se converta num incêndio todo divino, a arder para sempre no altar de meu coração; que inflame o âmago de minha alma; para que no dia de minha morte eu apareça diante de vós inteiramente consumido em vosso amor... Amém”.
Quis transcrever no original esta oração admirável de Santo Agostinho para que assim a possam recitar as pessoas que entendem latim. Recitemo-la todos os dias para pedir o amor de Jesus, que procuramos por intermédio da Santíssima Virgem.

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