Aula 24 (226-248) – Práticas exteriores particulares desta devoção

Nesta aula conheceremos melhor quatro práticas concretas que nos sustentarão na verdadeira devoção a Nossa Senhora. A primeira delas é a Solene Consagração para a qual estamos nos preparando. A segunda é a recitação da coroinha da Santíssima Virgem. A terceira o uso de pequenas cadeias de ferro. E, por fim, uma especial devoção ao mistério da Encarnação, que aqui é detalhadamente estudado.

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Meditações e orações do dia

“Ladainha do Espirito Santo”, “Ave, Estrela do mar”, Oração de Santo Agostinho e Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus

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Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
R. Senhor, tende piedade de nós.

Divino Espírito Santo, ouvi-nos.
Espírito Paráclito, atendei-nos.

Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Espírito da verdade, tende piedade de nós.
Espírito da sabedoria, tende piedade de nós.
Espírito da inteligência, tende piedade de nós.
Espírito da fortaleza, tende piedade de nós.
Espírito da piedade, tende piedade de nós.
Espírito do bom conselho, tende piedade de nós.
Espírito da ciência, tende piedade de nós.
Espírito do santo temor, tende piedade de nós.
Espírito da caridade, tende piedade de nós.
Espírito da alegria, tende piedade de nós.
Espírito da paz, tende piedade de nós.
Espírito das virtudes, tende piedade de nós.
Espírito de toda graça, tende piedade de nós.
Espírito da adoção dos filhos de Deus, tende piedade de nós.
Purificador das nossas almas, tende piedade de nós.
Santificador e guia da Igreja Católica, tende piedade de nós.
Distribuidor dos dons celestes, tende piedade de nós.
Conhecedor dos pensamentos e das intenções do coração, tende piedade de nós.
Doçura dos que começam a Vos servir, tende piedade de nós.
Coroa dos perfeitos, tende piedade de nós.
Alegria dos Anjos, tende piedade de nós.
Luz dos Patriarcas, tende piedade de nós.
Inspiração dos Profetas, tende piedade de nós.
Palavra e sabedoria dos Apóstolos, tende piedade de nós.
Vitória dos Mártires, tende piedade de nós.
Ciência dos Confessores, tende piedade de nós.
Pureza das Virgens, tende piedade de nós.
Unção de todos os Santos, tende piedade de nós.

Sede-nos propício,
R. perdoai-nos, Senhor.
Sede-nos propício,
R. atendei-nos, Senhor.

De todo o pecado, livrai-nos, Senhor.
De todas as tentações e ciladas do demônio, livrai-nos, Senhor.

De toda presunção e desesperação, livrai-nos, Senhor.
Do ataque à verdade conhecida, livrai-nos, Senhor.
Da inveja da graça fraterna, livrai-nos, Senhor.
De toda obstinação e impenitência, livrai-nos, Senhor.
De toda negligência e torpor do espírito, livrai-nos, Senhor.
De toda impureza da mente e do corpo, livrai-nos, Senhor.
De todas as heresias e erros, livrai-nos, Senhor.
De todo mau espírito, livrai-nos, Senhor.
Da morte má e eterna, livrai-nos, Senhor.
Pela vossa eterna procedência do Pai e do Filho, livrai-nos, Senhor.
Pela milagrosa conceição do Filho de Deus, livrai-nos, Senhor.
Pela vossa descida sobre Jesus Cristo batizado, livrai-nos, Senhor.
Pela vossa santa aparição na transfiguração do Senhor, livrai-nos, Senhor.
Pela vossa vinda sobre os discípulos do Senhor, livrai-nos, Senhor.
No dia do juízo, livrai-nos, Senhor.

Ainda que pecadores, nós Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que nos perdoeis, nós Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que Vos digneis vivificar e santificar todos os membros da Igreja, nós Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que Vos digneis conceder-nos o dom da verdadeira piedade, devoção e oração, nós Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que Vos digneis inspirar-nos sinceros afetos de misericórdia e de caridade, nós Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que Vos digneis criar em nós um espírito novo e um coração puro, nós Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que Vos digneis conceder-nos verdadeira paz e tranquilidade do coração, nós Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que nos façais dignos e fortes para suportar as perseguições pelo amor à justiça, nós Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que Vos digneis confirmar-nos em vossa graça, nós Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que nos recebais no número dos vossos eleitos, nós Vos rogamos, ouvi-nos.
Para que Vos digneis atender-nos, nós Vos rogamos, ouvi-nos.
Espírito de Deus, nós Vos rogamos, ouvi-nos.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
R. enviai-nos o Espírito Santo.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
R. mandai-nos o Espírito prometido do Pai.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,
R. dai-nos o Espírito bom.

Espírito Santo, ouvi-nos.
Espírito Consolador, atendei-nos.
V. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado,
R. e renovareis a face da terra.

Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações
dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo,
concedei-nos que no mesmo Espírito conheçamos o que é reto, e gozemos sempre as suas consolações.
Por Cristo, Nosso Senhor.

Amém.

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Ave do mar Estrela,
De Deus Mãe bela,
Sempre Virgem, da morada
Celeste feliz entrada.

Ó tu que ouviste da boca
Do anjo a saudação;
Dá-nos paz e quietação;
E o nome de Eva troca.

As prisões aos réus desata.
E a nós cegos alumia;
De tudo que nos maltrata
Nos livra, o bem nos granjeia.

Ostenta que és Mãe, fazendo
Que os rogos do povo seu
Ouça aquele que, nascendo
Por nós, quis ser Filho teu.

Ó Virgem especiosa,
Toda cheia de ternura,
Extintos nossos pecados,
Dá-nos pureza e brandura.

Dá-nos uma vida pura,
Põe-nos em via segura,
Para que a Jesus gozemos,
E sempre nos alegremos.

A Deus Pai veneremos,
A Jesus Cristo também,
E ao Espírito Santo, demos
Aos três um louvor.

Amém

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“Vós sois, ó Jesus, o Cristo, meu Pai santo, meu Deus misericordioso, meu Rei infinitamente grande; sois meu bom pastor, meu único mestre, meu auxílio cheio de bondade, meu pão vivo, meu sacerdote eterno, meu guia para a pátria, minha verdadeira luz, minha santa doçura, meu reto caminho, sapiência minha preclara, minha pura simplicidade, minha paz e concórdia; sois, enfim, toda a minha salvaguarda, minha herança preciosa, minha eterna salvação...

Ó Jesus Cristo, amável Senhor, por que, em toda a minha vida, amei, por que desejei outra coisa senão vós?

Onde estava eu quando não pensava em vós? Ah! que, pelo menos, a partir deste momento meu coração só deseje a vós e por vós se abrase, Senhor Jesus!

Desejos de minha alma, correi, que já bastante tardastes; apressai-vos para o fim a que aspirais; procurai em verdade aquele procurais. Ó Jesus anátema seja quem não vos ama.

Aquele que não vos ama seja repleto de amarguras. Ó doce Jesus, sede o amor, as delícias, a admiração de todo coração dignamente consagrado à vossa glória. Deus de meu coração e minha partilha, Jesus Cristo, que em vós meu coração desfaleça, e sede vós mesmo a minha vida. Acenda-se em minha alma a brasa ardente de vosso amor e se converta num incêndio todo divino, a arder para sempre no altar de meu coração; que inflame o âmago de minha alma; para que no dia de minha morte eu apareça diante de vós inteiramente consumido em vosso amor...

Amém”.

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Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
R. Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus Pai dos Céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Jesus, Filho de Deus vivo, tende piedade de nós.
Jesus, esplendor do Pai, tende piedade de nós.
Jesus, pureza da luz eterna, tende piedade de nós.
Jesus, Rei da glória, tende piedade de nós.
Jesus, sol de justiça, tende piedade de nós.
Jesus, Filho da Virgem Maria, tende piedade de nós.
Jesus amável, tende piedade de nós.
Jesus admirável, tende piedade de nós.
Jesus, Deus forte, tende piedade de nós.
Jesus, Pai do futuro século, tende piedade de nós.
Jesus, Anjo do grande conselho, tende piedade de nós.
Jesus poderosíssimo, tende piedade de nós.
Jesus pacientíssimo, tende piedade de nós.
Jesus obedientíssimo, tende piedade de nós.
Jesus, manso e humilde de coração, tende piedade de nós.
Jesus, que amais a castidade, tende piedade de nós.
Jesus, que nos amais, tende piedade de nós.
Jesus, Deus da paz, tende piedade de nós.
Jesus, autor da vida, tende piedade de nós.
Jesus, modelo das virtudes, tende piedade de nós.
Jesus, zelador das almas, tende piedade de nós.
Jesus, nosso Deus, tende piedade de nós.
Jesus, nosso refúgio, tende piedade de nós.
Jesus, Pai dos pobres, tende piedade de nós.
Jesus, tesouro dos fiéis, tende piedade de nós.
Jesus, bom Pastor, tende piedade de nós.
Jesus, luz verdadeira, tende piedade de nós.
Jesus, sabedoria eterna, tende piedade de nós.
Jesus, bondade infinita, tende piedade de nós.
Jesus, nosso caminho e nossa vida, tende piedade de nós.
Jesus, alegria dos Anjos, tende piedade de nós.
Jesus, Rei dos Patriarcas, tende piedade de nós.
Jesus, Mestre dos Apóstolos, tende piedade de nós.
Jesus, Doutor dos Evangelistas, tende piedade de nós.
Jesus, fortaleza dos Mártires, tende piedade de nós.
Jesus, luz dos Confessores, tende piedade de nós.
Jesus, pureza das Virgens, tende piedade de nós.
Jesus, coroa de todos os Santos, tende piedade de nós.
Sede-nos propício, perdoai-nos, Jesus.
Sede-nos propício, ouvi-nos, Jesus.
De todo mal, livrai-nos, Jesus.
De todo pecado, livrai-nos, Jesus.
De vossa ira, livrai-nos, Jesus.
Das ciladas do demônio, livrai-nos, Jesus.
Do espírito da impureza, livrai-nos, Jesus.
Da morte eterna, livrai-nos, Jesus.
Do desprezo das vossas inspirações, livrai-nos, Jesus.
Pelo mistério da vossa santa encarnação, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa natividade, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa infância, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa santíssima vida, livrai-nos, Jesus.
Pelos vossos trabalhos, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa agonia e paixão, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa cruz e desamparo, livrai-nos, Jesus.
Pelas vossas angústias, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa morte e sepultura, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa ressurreição, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa ascensão, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa instituição da Santíssima Eucaristia, livrai-nos, Jesus.
Pelas vossas alegrias, livrai-nos, Jesus.
Pela vossa glória, livrai-nos, Jesus.


Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, R. perdoai-nos, Jesus.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, R. atendei-nos, Jesus.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, R. tende piedade de nós, Jesus.

Jesus, ouvi-nos.
Jesus, atendei-nos.

Oremos: Senhor Jesus Cristo, que dissestes: Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á, nós Vos suplicamos que concedais a nós, que Vo-lo pedimos, os sentimentos afetivos de vosso divino amor, a fim de que Vos amemos de todo o coração, boca e obras, e nunca cessemos de Vos louvar.

Permiti que tenhamos sempre, Senhor, um igual temor e amor pelo vosso santo Nome; pois não deixais de governar aqueles que estabeleceis na firmeza do vosso amor. Vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos.

Amém.

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Para a aula de hoje leia os pontos do Tratado (226-248) clicando aqui. Ou no texto abaixo.

Capítulo VIII
Práticas particulares desta devoção

Artigo I
Práticas exteriores

226. Se bem que o essencial desta devoção consista no interior, ela conta também práticas exteriores que é preciso não negligenciar: “Haec oportuit facere et illa non omittere” (Mt 23, 23); tanto porque as práticas exteriores bem feitas ajudam as interiores, como porque relembram ao homem, que se conduz sempre pelos sentidos, o que fez ou deve fazer; também porque são próprias para edificar o próximo que as vê, o que já não acontece com as práticas puramente interiores. Nenhum mundano, portanto, critique, nem meta aqui o nariz, dizendo que a verdadeira devoção está no coração, que é preciso evitar exterioridades, que nisto pode haver vaidade, que é preferível ocultar cada um sua devoção, etc. Respondo-lhes com meu Mestre: “Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16). Não quer isto dizer, como observa S. Gregório86, que devamos fazer nossas ações e devoções exteriores para agradar os homens e daí tirar louvores, o que seria vaidade; mas fazê-las às vezes diante dos homens, com o fito de agradar a Deus e glorificá-lo, sem, preocupar-nos com o desprezo ou os louvores dos homens.

Citarei apenas abreviadamente algumas práticas exteriores, que não qualifico de exteriores porque sejam feitas sem interior, mas porque contêm qualquer exterioridade, e para distingui-las das que são estritamente interiores.

§ I. Consagração depois de exercícios preparatórios.

227. Primeira prática. Aqueles e aquelas que quiserem adotar esta devoção, que não está erigida em confraria, como seria de desejar, depois de ter, como já disse na primeira parte desta preparação ao reino de Jesus Cristo, empregando ao menos doze dias em desapegarse do espírito do mundo, contrário ao de Jesus Cristo, dedicarão três semanas a encher-se de Jesus Cristo por intermédio da Santíssima Virgem. Eis a ordem a observar:

228. Durante a primeira semana aplicarão todas as orações e atos de piedade para pedir o conhecimento de si mesmo e a contrição por seus pecados. Tudo farão em espírito de humildade. Para isso poderão, se quiserem, meditar sobre o que ficou dito sobre o nosso fundo de maldade (V. acima n. 78 e seguintes), e considerar-se, nos seis dias desta semana, como uma lesma, um sapo, um porco, uma serpente, um bode; ou, então, estas três palavras de São Bernardo: “Cogita quid fueris, semen putridum; quid sis, vas stercorum; quid futurus sis, esca verminum”.89 Pedirão a Nosso Senhor e a seu Espírito Santo que os esclareça, dizendo: “Domine, ut videam90; ou “Noverim me”91; ou “Veni, Sancte Spiritus”, e dirão todos os dias a ladainha do Espírito Santo e a oração que segue. Recorrerão à Santíssima Virgem e lhe pedirão esta grande graça que deve ser o fundamento das outras, e para isso recitarão todos os dias o “Ave, Maris Stella” e as ladainhas. 89) Pensa no que fostes: um pouco de lodo; no que és: vaso de escórias; no que serás: pasto de vermes” (São Bernardo, inter opera: Meditação sobre o conhecimento da condição humana).

229. Durante a segunda semana, aplicar-se-ão em todas as suas orações e obras cotidianas, em conhecer a Santíssima Virgem. Implorarão este conhecimento ao Espírito Santo. Poderão ler e meditar o que já dissemos a respeito. Recitarão, como na primeira semana, as ladainhas do Espírito Santo, o “Ave, Maris Stella”, e mais um rosário todos os dias, ou pelo menos o terço, nesta intenção.

230. A terceira semana será empregada em conhecer Jesus Cristo. Poderão ler e meditar o que dissemos neste sentido, e recitar a oração de santo Agostinho, inserida no número 67. Poderão, com o mesmo santo, dizer e repetir centenas de vezes por dia: “Noverim te: Senhor, que eu vos conheça”, ou então: Domine, ut videam – Senhor, fazei que eu veja quem sois”. Como nas semanas precedentes, recitarão as ladainhas do Espírito Santo e o “Ave, Maris Stella”, ajuntando as ladainhas do Santíssimo nome de Jesus.

231. Ao fim destas três semanas, confessar-se-ão e comungarão na intenção de se darem a Jesus Cristo na condição de escravos por amor, pelas mãos de Maria. E depois da comunhão, que cuidarão de fazer conforme o método que segue (v. n. 266), recitarão a fórmula de consagração, que se encontra também adiante (v. p. 280); será necessário que a escrevam ou mandem escrever, se não estiver impressa, e a assinem no mesmo dia em que a fizerem.

232. Nesse dia, será bom renderem algum tributo a Jesus Cristo e a sua Mãe Santíssima, seja em penitência de sua infidelidade passada às promessas do batismo, seja em sinal de sua dependência do domínio de Jesus e de Maria. Ora, esse tributo será conforme a devoção e capacidade de cada um: um jejum, uma mortificação, uma esmola, um círio. Ainda que não dêem mais que um alfinete em homenagem, contanto que o dêem de bom coração, é o bastante para Jesus, que só olha a boa vontade.

233. Todos os anos, ao menos, no mesmo dia, renovarão a consagração, observando as mesmas práticas durante três semanas. Poderão até, todos os meses e, quiçá, todos os dias, renovar, com as poucas palavras seguintes, tudo o que fizerem: “Tuus totus ego sum, et omnia mea tua sunt – Sou todo vosso e tudo o que tenho vos pertence”, ó meu amável Jesus, por Maria, vossa Mãe Santíssima.

§ II. Recitação da coroinha da Santíssima Virgem.

234. Segunda prática. Recitarão todos os dias de sua vida, sem, entretanto, nenhum constrangimento, a coroinha da Santíssima Virgem, composta de três Pai-Nossos e doze Ave-Marias, em honra dos doze privilégios e grandezas da Santíssima Virgem. Esta prática é muito antiga e tem seu fundamento na Sagrada Escritura. São João viu uma mulher coroada de doze estrelas, vestida do sol e tendo a lua debaixo de seus pés (Ap 12, 1) e esta mulher, na opinião dos intérpretes, é a Santíssima Virgem.

235. Há muitos modos de rezar bem esta coroinha e seria demasiado longo mencioná-los. O Espírito Santo o inspirará àqueles e àquelas que mais fiéis se mostrarem a esta devoção. Para rezá-la bem simplesmente é preciso dizer em primeiro lugar: “Dignare me laudare te, Virgo sacrata; da mihi virtutem contra hostes tuos”; em seguida, reza-se o credo, depois um Pai-Nosso, quatro Ave-Marias e um Glória ao Pai; ainda um Pai-Nosso, quatro Ave- Marias, e um Glória ao Pai; e assim por diante. Ao terminar, diz-se: “Sub tuum praesidium”.

§ III. Usar pequenas cadeias de ferro.

236. Terceira prática. É muito louvável, glorioso e útil àqueles e àquelas, que assim demonstrarão ser escravos de Jesus em Maria, trazer, como sinal de sua amorosa escravidão, pequenas cadeias de ferro, bentas com uma bênção especial.95 95) Poder-se-ia crer que certos decretos das Congregações Romanas tenham proibido terminantemente o uso dessas pequenas cadeias. Nada vemos, contudo, nesses decretos que interdite esta prática símbolo da escravidão a Jesus em Maria, no que consiste propriamente a devoção do B. Montfort (V. Analecta Iuris Pontificii, 1ª série, col. 757). Estas demonstrações exteriores não são na verdade, essenciais, e uma pessoa pode bem se dispensar, embora tenha abraçado esta devoção. Não posso, contudo, esquivar-me a louvar aqueles e aquelas que, depois de terem rompido as cadeias vergonhosas da escravidão do demônio, a que os tinha arrastado o pecado original, e talvez os pecados atuais, se entregaram voluntariamente à gloriosa escravidão de Jesus Cristo e com S. Paulo se gloriam de estar acorrentados por Jesus Cristo (cf. Ef 3, 1), com correntes que, embora de ferro e sem brilho, são mais gloriosas e mais preciosas que todos os colares de ouro dos imperadores.

237. Nos tempos de outrora era a cruz o que havia de mais infamante; hoje, no entanto, é o símbolo mais glorioso do cristianismo. Digamos o mesmo dos ferros da escravidão. Nada havia de mais ignominioso entre os antigos, e ainda atualmente entre os pagãos. Entre os cristãos, porém, são mais ilustres, pois elas nos livram e preservam dos liames vergonhosos do pecado e do demônio; elas nos restituem a liberdade e nos ligam a Jesus e Maria, não a contragosto e a força, como a forçados, mas por caridade, por amor, como filhos: “Traham eos in vinculis caritatis” (Os 11, 4) – eu os atrairei a mim, diz Deus pela boca do profeta, com os vínculos da caridade, que, por conseqüência, são fortes como a morte (cf. Ct 8, 6), e, de certo modo, mais fortes naqueles que fielmente trouxeram, até a morte, esses distintivos gloriosos. Pois a morte, destruindo-lhes embora o corpo e reduzindo-o à podridão, não destruirá as algemas de sua escravidão, as quais por serem de ferro, não se corrompem tão facilmente. E, no dia da ressurreição dos corpos, no juízo final, quem sabe, essas cadeias, pendentes ainda de seus ossos, não virão a constituir uma parte de seus ossos, não virão a constituir uma parte de sua glória, mudando-se em cadeias de luz e de glória? Felizes, portanto, mil vezes felizes os escravos ilustres de Jesus em Maria, que até ao túmulo usarem essas cadeias! * * *

238. Eis os motivos por que se usam estas cadeiazinhas: 1º Relembram ao cristão os votos e compromissos do batismo, a renovação perfeita das promessas batismais que ele fez por esta devoção, e a estrita obrigação em que está de se conservar fiel. O homem, porque se deixa levar mais pelos sentidos do que pela fé pura, esquece facilmente suas obrigações para com Deus, se não tiver algo que lhas traga à memória. Por isso estas pequenas cadeias servem para lembrar ao cristão aquelas cadeias do pecado e da escravidão do demônio, de que o santo batismo o livrou, e a dependência que, neste sacramento, votou a Jesus Cristo, e a ratificação dessa dependência, feita ao renovar os seus votos; e um dos motivos por que tão poucos cristãos pensam nas promessas do santo batismo, e vivem com tanta libertinagem como se nada houvessem prometido a Deus, como se fossem pagãos, é não trazerem nenhuma marca ou distintivo exterior que disso os relembre.

239. 2º Mostra que ele não se envergonha de ser escravo e servo de Jesus Cristo, e que renunciou à escravidão funesta do mundo, do pecado e do demônio. 3º Garantem-no e preservam-no dos grilhões do pecado e do demônio, pois, ou estaremos agrilhoados pelas correntes do inimigo, ou traremos as cadeias da caridade e da salvação: “Vincula peccatorum; in vinculis caritatis”. * * *

240. Ah! querido irmão, despedacemos os grilhões do pecado e dos pecadores, do mundo e dos mundanos, do demônio e de seus asseclas, e lancemos longe de nós seu jugo funesto: “Dirumpamus vincula eorum et proiiciamus a nobis iugum ipsorum” (Sl 2, 3). Metamos nossos pés, para servir-nos das palavras do Espírito Santo, em seus ferros gloriosos e nosso pescoço em suas cadeias: “Iniice pedem tuum in compedes illius, e in torques illius collum tuum” (Ecli 6, 25). Curvemos os ombros e carreguemos a Sabedoria, que é Jesus Cristo, e não nos enfademos de suas correntes: “Subiice humerum tuum et porta illam, et ne acedieris vinculis eius” (Ecli 6, 26). Notareis que o Espírito Santo, antes de dizer estas palavras, prepara a alma, a fim de que ela não rejeite o importante conselho. Eis as suas palavras: “Audi fili, et accipe consilium intellectus, et ne abiicias consilium meum – Ouve, filho, e recebe uma sábia advertência, e não rejeites o meu conselho” (Ecli 6, 24).

241. Permiti, caríssimo amigo, que me uma aqui ao Espírito Santo, para dar-vos o mesmo conselho: “Vincula illius, alligatura salutaris” (Ecli 6, 31) – Suas cadeias são cadeias de salvação. Jesus pendente da cruz deve atrair tudo a si, e tudo, de bom ou mau grado, será atraído. Do mesmo modo ele atrairá os réprobos pelas correntes de seus pecados, para acorrentá-los, como forçados e demônios, à sua ira eterna e à sua justiça vingadora. Nos últimos tempos, porém, atrairá especialmente os predestinados, pelas cadeias da caridade: “Omnia grahan ad meipsum” (Jo 12, 32). “Trahan eos in vinculis caritatis” (Os 11, 4).

242. Esses amorosos escravos de Jesus Cristo ou acorrentados de Jesus Cristo, “vincti Christi” (Ef 3, 1), podem usar suas cadeias ou ao pescoço ou no braço, ou na cintura, ou nos pés. O padre Vicente Caraffa, sétimo geral da Companhia de Jesus, falecido em odor de santidade no ano 1643, usava, como sinal de sua servidão, um círculo de ferro nos pés, e dizia que lamentava não poder arrastar publicamente os grilhões. A madre Inês de Jesus, a quem já nos referimos (n. 170), trazia sempre uma corrente de ferro na cintura. Outros a usaram ao pescoço, em penitência pelos colares de pérola que costumam usar no mundo. Outros a usaram no braço, para se lembrarem, no trabalho manual, que eram escravos de Jesus Cristo.

§ IV. Devoção especial ao mistério da Encarnação.

243. Quarta prática. Terão uma devoção especial pelo mistério da Encarnação do Verbo, a 25 de março96, que é o mistério adequado a esta devoção, pois que esta devoção foi inspirada pelo Espírito Santo: 1º para honrar e imitar a dependência em que Deus Filho quis estar de Maria, para glória de Deus seu Pai e para nossa salvação; dependência que transparece particularmente neste mistério em que Jesus se torna cativo e escravo no seio de Maria Santíssima, aí dependendo dela em tudo; 2º para agradecer a Deus as graças incomparáveis que concedeu a Maria, principalmente por tê-la escolhido para sua Mãe digníssima, escolha feita neste mistério. São estes os dois fins principais da escravização a Jesus Cristo em Maria.

244. Peço-vos notar que digo ordinariamente: “o escravo de Jesus em Maria, a escravização a Jesus em Maria”. Pode-se, é verdade, dizer como muitos já o disseram até aqui, “o escravo de Maria, a escravidão da Santíssima Virgem”. Creio, porém, que é melhor dizer “escravo de Jesus em Maria” como aconselhava M. Tronson, superior geral do seminário de S. Sulpício, o qual era conhecido por sua rara prudência e grande piedade. Assim aconselhou ele a um eclesiástico que o consultou sobre o assunto.

As razões são estas:
245. 1º Visto estarmos num século orgulhoso, em que pululam os sábios enfatuados, os espíritos fortes e críticos, que sempre acham o que falar das mais sólidas e bem estabelecidas práticas de piedade, é preferível, para evitar-lhes ocasião de crítica desnecessária, dizer “escravidão de Jesus em Maria” e dizer-se “escravo de Jesus Cristo” do que escravo de Maria. Assim a denominação desta devoção será dada antes pelo caminho e meio para atingir este fim, Maria Santíssima. Pode-se, entretanto, usar uma ou outra sem o menor escrúpulo, como eu faço. Um homem, por exemplo, que vai de Orleans a Tours pelo caminho de Amboise, pode evidentemente dizer que vai a Amboise e que vai a Tours. A única diferença é que Amboise é apenas o caminho para ir a Tours e Tours é o fim, o termo de sua viagem.

246. Como o principal mistério que se celebra e honra nesta devoção é o mistério da Encarnação, no qual só se pode contemplar Jesus em Maria, e encarnado em seu seio, é mais adequado dizer-se “a escravidão de Jesus em Maria”, de Jesus residindo e reinando em Maria, conforme a bela oração de tantos homens célebres: “Ó Jesus vivendo em Maria, vinde e vivei em nós, em vosso espírito de santidade”, etc.

247. 3º Este modo de falar patenteia ainda mais a união íntima entre Jesus e Maria. Tão intimamente estão unidos que um é tudo no outro: Jesus é tudo em Maria e Maria é tudo em Jesus; ou, melhor, ela já não existe, mas Jesus somente nela, e antes se separaria do sol a luz, do que apartar Maria de Jesus. É assim que se pode chamar Nosso Senhor “Jesus de Maria”, e a Santíssima Virgem “Maria de Jesus”.

248. O tempo não me permite deter-me aqui para explicar as excelências e as grandezas do mistério de Jesus vivendo e reinando em Maria, ou a Encarnação do Verbo. Contento-me, por isso, em dizer, em três palavras, que é este o primeiro mistério de Jesus Cristo, o mais oculto, o mais elevado e o menos conhecido; que é neste mistério que Jesus, em colaboração com Maria, em seu seio, e por isto chamado pelos santos “aula sacramentorum”, sala dos segredos de Deus97, escolheu todos os eleitos; que foi neste mistério que ele operou todos os mistérios subseqüentes de sua vida, pela aceitação deles: “Iesus ingrediens mundum dicit: Ecce venio ut faciam, Deus, voluntatem tuam” (Hb 10, 5- 9). Por conseguinte, este mistério é um resumo de todos os mistérios, e contém a vontade e a graça de todos. Este mistério é, enfim, o trono da misericórdia, da liberdade e da glória de Deus. O trono da misericórdia de Deus, porque, já que não podemos aproximar-nos de Jesus senão por Maria, não podemos ver Jesus nem falar-lhe senão por intermédio de Maria. Jesus atende sempre a sua querida Mãe e concede sempre sua graça e sua misericórdia aos pobres pecadores: “Adeamus ergo cum fiducia ad thronum gratiae – Cheguemo-nos, pois, confiadamente, ao trono da graça” (Hb 4, 16). É o trono de sua liberalidade para Maira, porque este novo Adão, enquanto permanceu nesse veradeiro paraíso terrestre, aí realizou ocultamente tantas maravilhas que nem os anjos nem os homens as compreendem; por isso os santos chamaram Maria a magnificência de Deus: “Magnificentia Dei”98, como se Deus só fosse magnífico em Maria: “Solummodo ibi magnificus Dominus” (Is 33, 21). É o trono de sua glória para seu Pai, pois foi em Maria que Jesus Cristo acalmou perfeitamente seu Pai irritado contra os homens; que ele recuperou perfeitamente a glória que o pecado lhe tinha arrebatado, e que, pelo sacrifício, que neste mistério fez da sua vontade e de si mesmo, lhe deu mais glória como jamais lhe deram todos os sacrifícios da antiga lei, e, finalmente, lhe deu uma glória infinita como ainda não recebera de criatura humana.

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