Aula 02 (14-21) – Deus quis servir-Se de Maria na Encarnação

Deus precisava de Maria? Ele quis associá-La a Si e servir-Se de Maria para a Redenção dos homens! Que escolha magnífica! O Criador predestinou uma simples criatura para ser o caminho do acontecimento mais importante da História e um dos principais Mistérios de nossa Fé: a Encarnação do Verbo. Este foi o meio escolhido por Deus para vir até nós.

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Meditações e orações do dia

Vem, ó Espírito Criador, Ave, Estrela do mar

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Vem, ó Espírito Criador,
As almas dos teus visita;
Os corações que criaste,
Enche de graça infinita.

Tu, Paráclito és chamado,
Dom do Pai celestial,
Fogo, caridade, fonte
Viva e unção espiritual.

Tu dás septiforme graça;
Dedo és da destra paterna;
Do Pai, solene promessa,
Dás força da voz suprema.

Acende a luz para os sentidos,
Teu amor no peito acende,
Do nosso corpo a fraqueza
Com tua força defende.
De nós afasta o inimigo.

Dá-nos a paz sem demora,
Guia-nos, e evitaremos
Tudo quanto se deplora.

Dá que Deus Pai e seu Filho
Por ti nós bem conheçamos,
E em ti, Espírito de ambos
Em todo tempo creiamos.

A Deus Pai se dê a glória
E ao Filho ressuscitado,
Paráclito e a ti também
Com louvor perpetuado.
Amém

V. Enviai o vosso espírito, e tudo será criado.

R. E renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações
dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo,
concedei-nos que no mesmo Espírito conheçamos o que é reto,
e gozemos sempre as suas
consolações. Por Cristo Nosso Senhor.
Amém.

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Ave do mar Estrela,
De Deus Mãe bela,
Sempre Virgem, da morada
Celeste feliz entrada.

Ó tu que ouviste da boca
Do anjo a saudação;
Dá-nos paz e quietação;
E o nome de Eva troca.

As prisões aos réus desata.
E a nós cegos alumia;
De tudo que nos maltrata
Nos livra, o bem nos granjeia.

Ostenta que és Mãe, fazendo
Que os rogos do povo seu
Ouça aquele que, nascendo
Por nós, quis ser Filho teu.

Ó Virgem especiosa,
Toda cheia de ternura,
Extintos nossos pecados,
Dá-nos pureza e brandura.

Dá-nos uma vida pura,
Põe-nos em via segura,
Para que a Jesus gozemos,
E sempre nos alegremos.

A Deus Pai veneremos,
A Jesus Cristo também,
E ao Espírito Santo, demos
Aos três um louvor.

Amém

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Capítulo I
Necessidade da devoção à Santíssima Virgem

14. Confesso com toda a Igreja que Maria é uma pura criatura saída das mãos do Altíssimo. Comparada, portanto, à Majestade infinita ela é menos que um átomo, é, antes, um nada, pois que só ele é “Aquele que é” (Ex 3, 14) e, por conseguinte, este grande Senhor, sempre independente e bastando-se a si mesmo, não tem nem teve jamais necessidade da Santíssima Virgem para a realização de suas vontades e a manifestação de sua glória. Basta-lhe querer para tudo fazer.

15. Digo, entretanto, que, supostas as coisas como são, já que Deus quis começar e acabar suas maiores obras por meio da Santíssima Virgem, depois que a formou, é de crer que não mudará de conduta nos séculos dos séculos, pois é Deus, imutável em sua conduta e em seus sentimentos.

Artigo I - Princípios
Primeiro Princípio – Deus quis servir-se de Maria na Encarnação.

16. Deus Pai só deu ao mundo seu Unigênito por Maria. Suspiraram os patriarcas, e pedidos insistentes fizeram os profetas e os santos da lei antiga, durante quatro milênios, mas só Maria o mereceu, e alcançou graça diante de Deus, pela força de suas orações e pela sublimidade de suas virtudes. Porque o mundo era indigno, diz Santo Agostinho, de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, ele o deu a Maria a fim de que o mundo o recebesse por meio dela.

17. Deus Pai transmitiu a Maria sua fecundidade, na medida em que a podia receber uma simples criatura, para que ela pudesse produzir o seu Filho e todos os membros de seu Corpo Místico.

18. Deus Filho desceu ao seu seio virginal, qual novo Adão no paraíso terrestre, para aí ter suas complacências e operar em segredo maravilhas de graça. Deus, feito homem, encontrou sua liberdade em se ver aprisionado no seio da Virgem Mãe; patenteou a sua força em se deixar levar por esta Virgem santa; achou sua glória e a de seu Pai, escondendo seus esplendores a todas as criaturas deste mundo, para revelá-las somente a Maria; glorificou sua independência e majestade, dependendo desta Virgem amável, em sua conceição, em seu nascimento, em sua apresentação no templo, em seus trinta anos de vida oculta, até à morte, a que ela devia assistir, para fazerem ambos um mesmo sacrifício e para que ele fosse imolado ao Pai eterno com o consentimento de sua Mãe, como outrora Isaac, como o consentimento de Abraão à vontade de Deus. Foi ela quem o amamentou, nutriu, sustentou, criou e sacrificou por nós. Ó admirável e incompreensível dependência de um Deus, de que nos foi dado conhecer o preço e a glória infinita, pois o Espírito Santo não a pôde passar em silêncio no Evangelho, como incógnitas nos ficaram quase todas as coisas maravilhosas que fez a Sabedoria encarnada durante sua vida oculta. Jesus Cristo deu mais glória a Deus, submetendo-se a Maria durante trinta anos, do que se tivesse convertido toda a terra pela realização dos mais estupendos milagres. Oh! quão altamente glorificamos a Deus, quando, para lhe agradar, nos submetemos a Maria, a exemplo de Jesus Cristo, nosso único modelo.

19. Se examinarmos atentamente o resto da vida de Jesus, veremos que foi por Maria que ele quis começar seus milagres. Pela palavra de Maria ele santificou São João no seio de Santa Isabel; assim que as palavras brotaram dos lábios de Maria, João ficou santificado, e foi este seu primeiro e maior milagre de graça. Foi ao humilde pedido de Maria, que ele, nas núpcias de Caná, mudou água em vinho, sendo este seu primeiro milagre sobre a natureza. Ele começou e continuou seus milagres por Maria, e por Maria os continuará até ao fim dos séculos.

20. O Espírito Santo, que era estéril em Deus, isto é, não produzia outra pessoa divina, tornou-se fecundo em Maria. É com ela, nela e dela que ele produziu sua obra-prima, de um Deus feito homem, e que produz todos os dias, até ao fim do mundo, os predestinados e os membros do corpo deste Chefe adorável. Eis por que, quanto mais, em uma alma, ele encontra Maria, sua querida e inseparável esposa, mais operante e poderoso se torna para produzir Jesus Cristo n essa alma, e essa alma em Jesus Cristo.

21. Não se quer dizer com isto que a Santíssima Virgem dê a fecundidade ao Espírito Santo, como se ele não a tivesse. Sendo Deus, ele possui a fecundidade ou a capacidade de produzir, como o Pai e o Filho. Não a reduz, porém, a ação, e não gera outra pessoa divina. O que se quer dizer é que o Espírito Santo, por intermédio da Virgem, da qual se quis servir, se bem que não lhe fosse absolutamente necessário, reduziu ao ato a sua fecundidade, produzindo, nela e por ela, Jesus Cristo e seus membros. É um mistério da graça inacessível até aos mais sábios e espirituais dentre os cristãos.

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